top of page

Morte de ciclista na RMC gera debate público sobre bikes em rodovias

  • Foto do escritor: Gustavo Santos
    Gustavo Santos
  • há 7 dias
  • 5 min de leitura

Atualizado: há 6 dias

O experiente ciclista Valtinho, que pedala há décadas e utiliza a bicicleta para lazer, treino e trabalho: ‘roleta russa’ nas rodovias - Foto: Arquivo pessoal
O experiente ciclista Valtinho, que pedala há décadas e utiliza a bicicleta para lazer, treino e trabalho: ‘roleta russa’ nas rodovias - Foto: Arquivo pessoal

A prática do ciclismo nas rodovias, especialmente na Região Metropolitana de Campinas (RMC), é um fato consolidado há muitos anos. Aos finais de semana, pelotões de bicicletas cruzam rodovias, cidades e movimentam comércios locais.

As notícias sobre acidentes envolvendo esses praticantes também aparecem com frequência no noticiário. Causam impacto, comoção e geram reação instantânea na sociedade. E um dos debates que se trava é sobre o próprio ato pedalar ou não pedalar.

Os dados apresentados pelas concessionárias que administram rodovias muito utilizadas para essa prática na região de Campinas e Circuito das Águas mostram que casos de acidentes e óbitos não são altos, porém com alta probabilidade de serem fatais.

 

A convivência entre bicicletas e veículos longos ou de passeio revela uma realidade arriscada e, como define o experiente ciclista Valter Araújo Santos, uma verdadeira “roleta russa”.

Há anos percorrendo quilômetros pela região, Valter mostra equilíbrio de opinião e pontua ações imprudentes tanto de motoristas, como dos ciclistas que deixam de lado regras básicas de segurança. “A bicicleta é um veículo de transporte, mas muitos não conhecem os direitos e deveres, pouco se fala e muito se cobra”, avalia o ciclista de 42 anos.

Enquanto o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) reconhece a bicicleta como veículo de transporte, especialistas em mobilidade alertam para a ausência de infraestrutura segura e contínua nas rodovias.

Em entrevista ao O Jaguar (neste link), a arquiteta e urbanista Fernanda Buga, mestre em Requalificação Urbana pela PUC-Campinas, debruça a atenção desde as dificuldades estruturais até um modelo possível de mobilidade dos ciclistas. Fernanda também é coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ).


“É necessário um esforço conjunto dos governos federal, estaduais e municipais, com investimentos, educação e fiscalização para garantir um ambiente seguro e acessível aos ciclistas”, pontuou a especialista.


Os números por trás dos riscos

Dados fornecidos pelas concessionárias Renovias e Rota das Bandeiras, que administram importantes rodovias do estado, mostram que os acidentes continuam sendo uma constante, apesar de sucessivas campanhas educativas.

Na Rodovia SP-340, a Campinas-Mogi, administrada pela Renovias, o mais recente e grave acidente com ciclistas aconteceu no último dia 1º de maio, feriado do Dia do Trabalhador. Três ciclistas foram atingidos por uma motorista idosa, no acostamento próximo ao pedágio de Jaguariúna.

Dois dos ciclistas tiveram ferimentos leves e Eduardo Zambon, de 42 anos, foi levado em estado grave para o Hospital de Clínicas da Unicamp. A condutora do veículo de passeio relatou à Polícia Rodoviária que “se distraiu” ao volante.



Na SP-340 foram registrados dois acidentes em 2024, sem vítimas. Esse ano, um caso que resultou em óbito. “Importante ressaltar que não existe uma regulamentação para fiscalizar o trânsito de bicicletas nas rodovias. A concessionária não proíbe a permanência do ciclista na rodovia, mas pede que as regras de trânsito sejam seguidas”, explicou a Renovias, em nota.

Como medidas de proteção, a concessionária pede ao ciclista para respeitar a sinalização de trânsito, não trafegar na contramão e que faça a travessia nos pontos seguros e adequados, como passarelas, passagens inferiores e superiores. Além de utilizarem todos os equipamentos de proteção individual e a manutenção prévia de suas bicicletas.


Rota de ciclistas

As rodovias Dom Pedro I (SP-065) e Professor Zeferino Vaz (SP-332), também muito procurada pelos cicloviajantes, registraram 21 acidentes em 2024.

De acordo com a concessionária Rota das Bandeiras, responsável pelas rodovias, houve duas mortes, ambas de ciclistas que trafegavam no trecho que passa pelo município de Engenheiro Coelho, na Zeferino Vaz. Em um dos acidentes, a vítima trafegava pela contramão, segundo a Rota.


Trecho da Rodovia Dom Pedro I: fluxo intenso e perigo para os ciclistas nas rotas urbanas das metrópoles - Foto: Divulgação
Trecho da Rodovia Dom Pedro I: fluxo intenso e perigo para os ciclistas nas rotas urbanas das metrópoles - Foto: Divulgação

Até o mês de abril desse ano, foram registrados cinco acidentes nas duas rodovias, mas nenhum óbito.


A Rota das Bandeiras informou que realiza, periodicamente, blitze educativas em pontos em que há grande circulação de ciclistas. Além das orientações, são distribuídos adesivos reflexivos, que ampliam a visibilidade. O trabalho também é realizado em empresas às margens das rodovias, informou a concessionária.


“É uma roleta russa, tem que ter fé”, diz ciclista da região

Valter Araújo Santos, 42 anos, conhecido como Valtinho, é um experiente ciclista de Jaguariúna. Ele pedala há décadas e utiliza a bicicleta para lazer, treino e trabalho. A tensão de estar em uma rodovia é constante, para ele é uma espécie de ‘roleta russa’ – termo que o faz se apegar na fé de que nada vai acontecer. Valter já participou de provas de mountain bike, hoje em dia realiza cicloviagens e treina frequentemente na Rodovia SP-340, que corta sua cidade. Mostra fotos e vídeos sobre os milhares de quilômetros percorridos nas rodovias Bandeirantes, Anhanguera, Dutra e Fernão Dias.

“A bicicleta é um veículo de transporte, mas muitos não conhecem os direitos e deveres, pouco se fala e muito se cobra. Também tem ciclistas que trafegam na própria rodovia, em traseira de caminhão, e por isso que é uma discussão ampla que envolvem os dois lados”, observa Valter.

“Cada um tem uma opinião sobre a dificuldade de trafegar na rodovia, mas no meu ponto de vista seria mesmo a responsabilidade de cada um, se cada um fizer sua parte todos nós podemos utilizar (as rodovias) sem qualquer problema”. Desde que respeitando o espaço e as sinalizações de trânsito, complementa.


Há poucos anos um grupo de três amigos ciclistas de Valter foi atingido por um caminhão, enquanto trafegava no acostamento da Rodovia SP-340, próximo ao Distrito Industrial de Jaguariúna. O relato na ocasião era de que o motorista de caminhão havia rodado cerca de 27 horas consecutivas e, exausto, dormiu ao volante.


Os três ciclistas ficaram feridos, dos quais um em estado mais grave. Posteriormente, segundo Valter, o amigo se recuperou.


“Infelizmente, para a gente que roda nas rodovias, é uma espécie de ‘roleta russa’, porque tem que ter fé que vai dar tudo certo”, conforma-se.

 

♦ Veja medidas que os ciclistas devem adotar para trafegar nas rodovias:

 

1. Use equipamentos de segurança Capacete é essencial, mas também utilize luvas e óculos.

2. Seja visível Use roupas claras ou refletivas e instale luzes (dianteira branca e traseira vermelha) e refletores na bike. Evite pedalar no período noturno. 3. Siga o fluxo Pedale no acostamento, no mesmo sentido do tráfego. Nunca vá na contramão.

4. Faça a revisão da bike Verifique freios, pneus, corrente e sinalização. Leve ferramentas básicas e câmara reserva.

5. Respeite a sinalização Obedeça placas e sinalizações. Ciclistas também são responsáveis pelas regras de tráfego.

6. Fique atento a caminhões e ônibus Esses veículos têm pontos cegos maiores e podem causar deslocamento de ar. Reduza a velocidade para ser ultrapassado e reduzir o tempo de tráfego ao lado de veículos pesados.

7. Hidratação é fundamental Carregue água, isotônicos e algum lanche leve. A desidratação ou hipoglicemia pode comprometer sua segurança.


Comments


Logo MJ.pdf (1).jpg
(19)991994219.jpg
Design sem nome (2).jpg
(19) 98602-1824.jpg
Design sem nome.jpg
Logo MJ.pdf.jpg

Jornalismo digital a serviço de Jaguariúna.

Notícias, conteúdos e publicidade.

  • Instagram
  • Facebook
  • YouTube
bottom of page