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Proteção infantil online avança, mas desafios persistem, avalia especialista

  • Foto do escritor: Gustavo Santos
    Gustavo Santos
  • 23 de ago.
  • 3 min de leitura
Foto: WIX.com
Foto: WIX.com

A recente aprovação, pela Câmara dos Deputados, do projeto de lei 2628/2022 – que cria regras para proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital – reacendeu o debate sobre a chamada “adultização” precoce e o trabalho infantil em redes sociais.


A proposta, que agora retornará para a análise do Senado, prevê medidas como fiscalização por autoridade nacional autônoma, verificação mais rigorosa da idade dos usuários e sanções que podem chegar a R$ 50 milhões para plataformas que descumprirem as normas.


A urgência da proposta foi aprovada pelos deputados na terça-feira (19), o que possibilitou uma tramitação mais rápida. O relator, deputado Jadyel Alencar (Republicanos-PI), acrescentou à ementa da matéria a expressão “ECA digital”, em alusão ao Estatuto da Criança e do Adolescente.


Para especialistas que acompanham há anos a escalada da exposição de crianças nas redes, o projeto de lei representa um passo muito positivo, uma “luz no túnel”, mas que para colher resultados sólidos poderá levar um tempo.

Os principais desafios são garantir a proteção de crianças e adolescentes sem restringir a liberdade de expressão e a censura, e encontrar o equilíbrio na responsabilidade das plataformas digitais, que precisam implementar medidas para mitigar a exposição a conteúdos nocivos e a coleta de dados.


Na opinião da especialista em educação infantil Lucelaine Borges Zampolin — gestora pública em Indaiatuba e docente do Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ), Lucelaine Borges Zampolin, embora a legislação seja um avanço importante, sua efetividade dependerá de uma mudança de postura da sociedade e, principalmente, das famílias, que precisam acompanhar de perto o uso das redes pelos filhos.


“Muitas vezes são os próprios responsáveis que colocam a criança nesse lugar de exposição. E aí está o perigo. Anteriormente, apesar de existir o trabalho infantil, ele não era exposto dessa forma. Agora, os responsáveis promovem isso e transformam a rotina das crianças em conteúdo”, observa Zampolin, que possui especializações em bullying, violência e discriminação.

 

Especialista Lucelaine Zampolin: “É um trabalho difícil, mas os adultos precisam ser mediadores” – Foto: Divulgação
Especialista Lucelaine Zampolin: “É um trabalho difícil, mas os adultos precisam ser mediadores” – Foto: Divulgação

Repercussão nacional


O tema ganhou ainda mais visibilidade após o influenciador Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, publicar no início de agosto um vídeo denunciando a atuação do influenciador paraibano Hytalo Santos, apontando exploração de adolescentes. O material viralizou e ultrapassou dezenas de milhões de visualizações, mobilizando famílias, autoridades e organizações da sociedade civil em defesa de maior proteção digital.


A repercussão acelerou a tramitação do PL 2628/2022 no Congresso. Dentre as obrigações que deverão ser fiscalizadas nas plataformas digitais, estão:


  • garantir que contas de crianças e adolescentes estejam vinculadas a um responsável legal;

  • remover conteúdos considerados abusivos ou impróprios;

  • aplicar mecanismos mais rígidos de verificação de idade;

  • reforçar a supervisão parental.

 

“O problema do trabalho infantil não é novo. Já existia na década de 1980, quando crianças eram expostas na televisão ou em comércios locais. O que mudou com as redes sociais é que esse trabalho se torna constante, dentro de casa, que deveria ser um espaço de segurança. Cada movimento da vida da criança passa a ser produto, vendido na mídia”, preocupa a docente, que volta a defender a importância do papel dos pais e responsáveis.


“As redes sociais são um caminho sem volta. É um trabalho difícil, mas os adultos precisam ser mediadores desse conhecimento. Quem ama de verdade sabe dizer não, porque entende que é através desse ‘não’ que a criança terá acesso ao melhor para seu desenvolvimento e sua saúde mental”, completa.

O texto do projeto aprovado estabelece que será criada uma “autoridade administrativa autônoma” por meio de lei, responsável por seguir as diretrizes da Lei das Agências Reguladoras. Além disso, atendendo a emendas da oposição e a recomendações das grandes empresas de tecnologia, o relator retirou do projeto a expressão “dever de cuidado”.


“Entendemos que essa situação pode abrir espaço para interpretações amplas e imprecisas, resultando em exigências desproporcionais às plataformas, como o monitoramento prévio generalizado de conteúdos e, consequentemente, provocando insegurança jurídica”, justificou em entrevistas a CNN o relator, Jadyel Alencar.


Para a professora, a repercussão e a resposta rápida do Congresso demonstram que a sociedade foi confrontada com um limite:

“A sociedade só muda quando tem um choque de realidade. É assim com catástrofes ambientais, e agora também com a exposição das crianças. Essa nova legislação traz uma boa luz no fim do túnel”, finalizou.

 
 
 

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