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Foto do escritorGustavo Santos

Novos projetos e medidas urgentes vão dar maior segurança hídrica para Jaguariúna, garante secretário

Estação de Tratamento de Água (ETA) 6 deve ser entregue em breve - Foto: Divulgação

Enfrentando uma das piores crises de abastecimento nos últimos anos, em decorrência de um sistema de distribuição de água que não evoluiu com o crescimento populacional, Jaguariúna começa a vislumbrar um futuro com maior segurança hídrica.

Na última sexta-feira (5), diante de uma Câmara Municipal lotada, o secretário de Meio Ambiente Matheus Ranzani Herrmann discorreu durante quatro horas de audiência pública, sobre quais providências emergenciais e investimentos a longo prazo que o município está realizando para sanar crises, como as que ocorreram no verão desse ano.

Há quatro meses à frente da pasta, Herrmann, que é engenheiro de infraestrutura, apresentou um diagnóstico do modelo de abastecimento de Jaguariúna, e reforçou a necessidade urgente do sistema de distribuição de água seguir o “modelo estático”, ou seja, através de gravidade.

“Hoje as adutoras tem muitas ramificações que sequer deixam a água chegar no reservatório apoiado. É como se da fase de tratamento já fosse feito uma ligação direta para a distribuição predial. Esse sistema é chamado de dinâmico, e pressurizado por bombas. Com isso, gera fadiga e vazamento nas tubulações, devido ao excesso de derivações”.

Diante dessas ‘ramificações’ na rede, quando há rompimentos diversos bairros são afetados, e os moradores passam dias sem água. “Com o crescimento do município foi-se “perdendo a configuração que determina a norma para que o sistema de distribuição de água ocorra normalmente”, avaliou.


Audiência pública realizada na Câmara esclarece pontos críticos do abastecimento - Foto: O Jaguar

PROJETOS URGENTES

Para 2024, houve um incremento de R$ 17 milhões no orçamento municipal da Secretaria de Meio Ambiente para investimentos em saneamento. Os vereadores remanejaram verbas de outras secretarias para dar suporte a algumas obras urgentes, com objetivo de estancar a crise e as críticas da sociedade.

Agora, com um orçamento de pouca mais de R$ 60 milhões, projetos urgentes já foram iniciados, segundo o gestor da pasta. Dentre eles, a perfuração de dois poços artesianos no morro do Capotuna, com mais de 4 milhões de litros. Essa primeira medida possibilitará um fornecimento mínimo de água dentro do maior reservatório da cidade, explica Herrmann.

Outra medida será a perfuração de mais quatro poços artesianos com bomba e cabine dosadora nos bairros: Parque Florianópolis, Zambom, Nova Jaguariúna e Ana Helena. O contrato da concorrência pública foi publicado nesta terça-feira no Diário Oficial, sob um valor de R$ 1.139.871,67.

Também anunciada durante a audiência, o governo municipal prometeu a instalação de válvulas reguladoras de pressão no Parque Florianópolis (historicamente um dos mais afetados de Jaguariúna), e a troca de rede de cimento amianto por Polietileno de Alta Densidade (PEAD) nas avenidas Maranhão e Pinto Catão, e no bairro Nassif. Serão mais de 10 quilômetros de rede.

Dentre os investimentos emergenciais, está a colocação de 500 ventosas para retirar o ar da rede. Toda vez que há rompimento de rede e esvaziamento do reservatório o ar é incorporado no sistema. Com esses dispositivos – hoje são apenas cinco ventosas na cidade toda – “vai dar segurança e paz maior em saber que teremos um sistema funcionando”, espera o secretário.

Algumas medidas corretivas fizeram efeito nas últimas semanas, e as reclamações de falta d’água no bairro Zambom – também ponto crítico de desabastecimento – cessaram por hora.


“Fizemos interligação de setores. No Mário Zambom, foi ligado 500 metros de rede, entre uma extrapressurizada a uma de baixa pressurização. Com isso faz pouco mais de dois meses que o bairro não tem mais problema com falta de pressão de água”, avaliou Herrmann.

PROGRAMA ÁGUA NOVA

Em março, a Câmara de Jaguariúna aprovou o repasse de aproximadamente R$ 48 milhões em recursos vinculados da União, dentro do Programa Água Nova. De acordo com o secretário, serão contemplados quatro projetos com o Ministério da Cidade, intervenientes com a Caixa Econômica Federal.

“Estamos adequando, requalificando e agora vamos ter a otimização desses recursos. A boa notícia é que a Caixa já fez o repasse, fizemos as mudanças de escopo e a verba está garantida. Temos até junho para fazer essas licitações”. Os projetos são os seguintes:

  • Construção de dois reservatórios de água potável com volume de 1,2 mil metros cúbicos cada, nos bairros São José e Fazenda da Barra.

  • Construção de uma Estação de Tratamento de Água (ETA) Modular de capacidade igual a 150 litros/segundo, situada no morro do Capotuna, ao lado dos maiores reservatórios de água de Jaguariúna, e de uma adutora de água bruta 300 mm que sairá da atual captação do Rio Jaguari com volume necessário para sua operação.

  • Eficiência energética da captação e melhorias operacionais da captação de água bruta do Rio Jaguari e da ETA Central, pois operam em conjunto.

  • Cera de 15 km de adutoras de água potável que pretendem conectar as estações de tratamento aos reservatórios diretamente, permitindo maior segurança hídrica nos bairros e melhor operação da rede de distribuição, uma vez que otimiza o uso da pressão estática ao invés da dinâmica.

Sistema estático, com uso de reservatórios, é o ideal para abastecer bairros, explica o secretário

CENSO INÉDITO

O Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Jaguariúna deve iniciar em breve, uma campanha denominada “Censo da Água”, com objetivo de levantar as condições das instalações prediais dos consumidoras.

De acordo com Matheus Herrmann, para cada unidade será feita uma lista de recomendações de adequação técnica, para normalização das ligações internas e armazenamento da água.

“Será feito um protocolo de inspeção para cada residência inspecionada e o proprietário será notificado quanto às irregularidades encontradas, e a importância de sanar os desvios indicados para futura adequação às normas técnicas vigentes.

Segundo o secretário, um termo de ajuste do padrão hidráulico da residência, estipulando-se prazos e metas para regularização do imóvel será proposto ao dono do imóvel. FUNDAÇÃO

A Prefeitura de Jaguariúna a Fundação Carlos Alberto Vanzolini para prestação de serviços de consultoria técnica para avaliação do atual modelo de gestão e estruturação do sistema de saneamento básico, “visando a participação de agentes privados na gestão dos serviços de saneamento básico”.

A Fundação Vanzolini é uma organização sem fins lucrativos, criada e gerida pelos professores do departamento de Engenharia de Produção da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

Herrmann não descarta uma futura concessão do sistema de água em Jaguariúna, mas primeiramente quer ter um diagnóstico amplo sobre funcionamento e vulnerabilidades avaliadas por profissionais gabaritados.

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