Júri condena Pedro Ivan a nove anos de prisão pela morte de Jonatas Buzo, ocorrida em Jaguariúna
Atualizado: 26 de jun. de 2023
A Justiça condenou a nove anos de prisão, Pedro Ivan Galli Ferraz da Silva, de 23 anos, pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver, na morte de Jonatas Henrique Buzo (27) ocorrida em Jaguariúna no final de janeiro de 2019. A sentença proferida pelo juiz Marcelo Forli Fortuna ocorreu após quase 12 horas de júri popular, no Fórum de Jaguariúna, nessa sexta-feira (23).
Pedro Ivan foi julgado separadamente de Eric Bergamasco (filho da vice-prefeita Rita Bergamasco), também com envolvimento na morte de Jonatas, mas absolvido pelo júri em 2022. Segundo acusação da Promotoria de Justiça, ambos são responsáveis pelo homicídio de Jonatas, no entanto foram julgados separadamente pois na época Pedro Ivan ficou foragido.
Segundo o promotor Sergio Luis Caldas Spina, a princípio o Ministério Público não irá recorrer da decisão da Justiça ou tampouco pedir aumento na pena. Diferentemente de quando do julgamento de Eric Bergamasco, em que a promotoria recorreu mas na época a Justiça não deu provimento.
O advogado de defesa de Pedro Ivan, Ediomar Fabiano Fernandes avaliou que à princípio também não irá recorrer da decisão. Na época do crime Pedro Ivan tinha 19 anos, e por isso sua pena caiu de 14 para 9 anos, além do fato da maioria dos jurados te reconhecido que a participação de Pedro no crime foi de menor importância. Ele cumprirá pena em regime fechado.
Já o pai da vítima, Edson Buzo disse à reportagem, após o julgamento, que não achava justo Eric Bergamasco ter sido absolvido da morte de seu filho. “Como só um ficar (preso), está totalmente errado. Não sei se isso é Justiça”, disse.
O CASO
Jonatas Henrique Buzo teria sido o autor de um furto na casa de Rita Bergamasco, no início de 2019, quando então foram levadas jóias da vice-prefeita. Durante o julgamento, o pai de Jonatas afirmou que o delito teria sido praticado com a participação de Eric, uma vez que imagens das câmeras de segurança teriam mostrado ele na cena.
Eric e Jonatas eram conhecidos, no entanto o desentendimento entre os dois teria ocorrido após Jonatas ter ficado com as jóias furtadas.
Em seu depoimento, o réu Pedro Ivan disse que não foi dado queixa do furto, pois Rita saberia do envolvimento de Eric. Mesmo assim, o réu afirmou durante o júri, que Jonatas tentou vender à ele parte das jóias, e que então ele teria avisado Eric sobre essa tentativa.
“Passado uns 15 dias (após ter contato a Eric sobre a intenção de Jonatas), ele me mandou um vídeo por mensagem, era umas nove da noite, onde mostrava ele batendo no Jô. Eu estava na casa da minha ex e o primo dela estava junto”, disse Pedro.
O primo a quem se refere Pedro Ivan foi quem testemunhou contra o réu, afirmando que Pedro teria visto o vídeo e ido ao encontro de Eric.
Segundo essa testemunha, Pedro e ele foram até o local, e chegando lá conversaram por cerca de 10 minutos quando então Pedro teria pego a arma da mão de Eric e desferido um tiro contra Jonatas.
Na sequência, segundo essa testemunha, Pedro teria pego o taco de beisebol no porta mala do carro da vice-prefeita e batido diversas vezes em Jonatas. Já Eric Bergamasco, em seu depoimento há dois anos, afirmou que Pedro chegou no local e imediatamente atirou contra Jonatas, sem conversar com a vítima.
CELULAR
Pedro disse ao júri nessa sexta-feira que não saiu da casa da ex-namorada naquela noite, e que com diversos pontos na barriga (decorrência de uma tentativa de homicídio sofrida) e uma bolsa de colostomia, não tinha condições de guiar ou levantar peso.
A ex-namorada, em depoimento na primeira fase do júri, afirmou perante o juiz que Pedro não foi ao encontro de Eric, e que passou a noite com ela.
A ex-namorada de Pedro disse durante seu primeiro depoimento que assistiu ao vídeo, onde mostrava Eric batendo em Jonatas e dizendo que iria matá-lo. Ela, no entanto, não compareceu ao julgamento nessa sexta-feira (23).
Sobre o celular que poderia conter as imagens recebidas pelo Pedro Ivan, mostrando Eric batendo em Jonatas, o mesmo afirmou que poucos dias depois de receber o vídeo formatou o celular e vendeu a um tal de Manuel. A polícia, na ocasião, foi até o endereço indicado por Pedro, mas não encontrou ninguém.
A promotoria afirmou que na fase de investigações o celular de Eric não foi periciado com o objetivo de localizar o vídeo, e sim para identificar as ligações feitas a Pedro Ivan na data do crime.
TENTATIVA DE SUBORNO
Pedro Ivan disse durante o julgamento que, dias após a prisão de Eric Bergamasco, um homem com apelido de Gordão, residente do bairro 12 de Setembro, o teria procurado em um rancho para propor um acordo para Pedro assumir o crime.
Segundo o réu, esse homem teria falado em nome da vice-prefeita Rita Bergamasco, dizendo que ela daria cerca de R$ 150 mil para ele assumir a culpa. A promotoria questionou Pedro sobre o nome e endereço do tal Gordão, da qual o réu respondeu que não sabia.
Além disso, Pedro afirmou que o primo de sua ex-namorada, uma das testemunhas de acusação, teria comprado moto, trocado de carro e alugado uma casa logo após aparecer no processo com a versão incriminatória. A promotoria desconsiderou as alegações de Pedro, entendendo que não há provas de suposto suborno.
Na data dos fatos, Eric Bergamasco foi visto atirando para o alto, e em uma das mãos uma fita adesiva, e obrigando Jonatas a entrar em seu veículo.
Jonatas estava em frente ao posto de saúde do bairro Florianópolis e segundo testemunha, teria sido agredido antes de entrar no veículo. No vídeo em que o réu e sua ex afirmam terem assistido, Jonatas levava chutes e estava deitado em posição fetal, supostamente com as mãos amarradas.
Durante o julgamento, a testemunha protegida pela Justiça afirmou que após ser espancado com taco de beisebol por Pedro, as mãos da vítima foram amarradas e então Jonatas colocado no porta mala.
A defesa de Pedro contestou essa versão. “As provas que ligam Pedro ao crime são extremamente frágeis, incoerentes e contraditórias”, disse o advogado Ediomar Fernandes.
SEM MARCAS DE TIROS
A reportagem perguntou ao promotor Sergio Spina se o taco de beisebol usado no crime passou por perícia para identificar possíveis digitais de Pedro: "se eu não me engano não passou por perícia".
O corpo de Jonatas foi encontrado as margens do Rio Camanducaia cinco dias após o seu sequestro. O laudo pericial não encontrou ferimentos por arma de fogo no corpo de Jonatas.
Em decorrência do avançado estado de decomposição, o legista atestou causa da morte indeterminada, com possibilidade de Jonatas ter sido morto por agressões na face com taco de beisebol ou asfixia mecânica por sufocamento.
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