Boas intenções e promessas de palanque
Dizem que de boas intenções o inferno está cheio, de promessas de palanque também.
No caso, vamos falar de Jaguariúna/SP que se transformou num inferno de promessas não cumpridas, aqui o diabo é marqueteiro e os pecadores são eleitores.
Se me engana uma vez a culpa é de quem me enganou, se me engana duas a culpa é minha e se me enganarem três vezes?
As gestões do prefeito Gustavo Reis seguem um padrão que pode ser visto a olho nu, uma gestão cenográfica para inglês ver e a população da cidade viver.
Poucos ou ninguém vai recordar do famoso prêmio da ONU o Americas Award 2010 por ter apresentado índice zero de mortalidade infantil em 2009 no município.
Para concorrer ao prêmio a cidade deve preencher alguns requisitos, entre eles ter dados e estatísticas dos últimos 5 anos, vídeos do mesmo período e uma população acima de 500 mil (quinhentos mil habitantes)! Isso mesmo, você não leu errado. 500 mil habitantes!
Se considerarmos que aquela gestão se iniciou em 2009 e os últimos 5 anos exigidos, o tal prêmio para Jaguariúna, se fosse real, pertenceria a gestão que o antecedeu, com outro prefeito e com outro secretário da saúde, o Dr. José Cláudio Klier Monteiro, médico pediatra de excelência.
Mas o que mata mesmo (desculpem o trocadilho, foi irresistível) a lenda criada sobre o prêmio da ONU (cuja documentação completa incluído dois DVDs com fotos dos jantares de gala (quem pagou?) estão em minha propriedade) é que mesmo incluindo os falecidos que repousam no cemitério local e mesmo que acreditássemos em zumbis, a cifra de 500 mil habitantes não seria atingida nem de perto, tornando a cidade inelegível para postular o artefato.
Já que tocamos no assunto, inelegibilidade foi outro discursinho que ele pisou e repisou em cima do candidato que o derrotou nas urnas em 2012, que na gestão que precedeu o primeiro mandato de Gustavo Reis deixou a prefeitura com dinheiro em caixa e equilibrada, e no seu retorno cumpriu o mandato inteiro administrando uma cidade herdada com sérias questões financeiras e que ao final foi responsabilizado pelos problemas enfrentados por uma campanha marqueteira.
De placas de inauguração de horário estendido (quem duvidar visite a UBS da 12 de Setembro, ao entrar, logo na parede do lado direito), a torre Eiffel no Parque dos Lagos, reinaugurações de obras existentes após uma nova pintura até uma faculdade no shopping Jaguar, sim, uma faculdade, Lembram?
A ANGATU, cujo tradução é alma boa, está inclusa entre as inaugurações exóticas.
Quando confrontado Reis diz que não investe em obras físicas, mas em obras sociais.
O Centro de especialidades foi transferido para um novo prédio, anexo a Faculdade de Jaguariúna (FAJ) e ficou bonito, bem pintado e com inúmeras salas que mudaram a finalidade de educação para consultório. Muitas vazias
Além do aluguel do prédio que imagino deixou o proprietário muito feliz, presume-se uma insuficiência crônica de médico e para reforçar meu argumento dou meu testemunho pessoal.
Diagnosticado com trombose, recebi o encaminhamento para o médico especialista em vascular, meu irmão foi marcar para mim e informaram que a agenda não estava aberta pois o médico encontrava-se de férias (depois descobri que eu teria que passar primeiro na minha UBS), a mesma resposta para a consulta com outro médico de outra especialidade.
Em novembro fui marcar meu retorno ao nutrólogo e fui informado novamente que a agenda só seria aberta depois de janeiro. Ouvi de outros pacientes, nem tanto pacientes que o mesmo teria ocorrido com eles e em diversas especialidades.
Vereadores por lá? Ouvi relatos que sim, mas não para consultas. Funcionários? Tem bastante. Médicos? Nem tanto. Aluguel do prédio? Imagino que passa bem!
Lembram do ditado? Se me engana uma vez a culpa é de quem me enganou, se me engana duas a culpa é minha, e eu acrescento e se me enganar três vezes?
Gustavo Reis cumpre seu terceiro mandato como prefeito de Jaguariúna, um prefeito ausente segundo corre a boca pequena pelos corredores da Prefeitura e nas ruas, as mesmas ruas que enfrentaram o caos nesta véspera de Natal.
A administração é deixada nas mãos do staff e ele os deixa à vontade para gerir o município de acordo com sua competência (ou falta dela) e capacidade (ou falta dela).
E você ainda se surpreende? O Wally não!
Gustavo Durlacher https://durlachadas.wordpress.com
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